Bragança Paulista – No Dia Internacional de Mulher, nesta quarta-feira (8/3), a Confederação Brasileira de Atletismo (CBAt) tem muito o que comemorar. Afinal no dia 27 de janeiro, em São Paulo, a entidade recebeu o Prêmio de Equidade do Instituto Sou do Esporte, de Governança, único na América Latina reconhecido internacionalmente pela organização dinamarquesa Play The Game.

"A CBAt tem a preocupação constante de valorizar a participação das mulheres na gestão, nas comissões técnicas, nas equipes multidisciplinares, nos Conselhos. A nossa responsável pela área técnica é a atleta olímpica Joana Costa e temos três presidentes mulheres de Federações Estaduais", lembrou Walmir Motta Campos, presidente do Conselho de Administração da CBAt.

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Oferecer equidade é recomendação da World Athletics para as suas 214 federações membros. A WA informou que vai aprofundar a questão com a presença de 40% de representação feminina em seu Conselho Mundial, incluindo pelo menos uma vice-presidente em 2023. Anunciou ainda a realização de uma Conferência de Liderança de Gêneros durante o Mundial de Atletismo de Budapeste, em agosto, na Hungria. 

No Conselho de Administração da CBAt, uma voz feminina se faz presente em sua segunda gestão. Rosemar Maria Coelho Neto, medalhista de bronze no revezamento 4x100 m na Olimpíada de Pequim-2008, é ativa nas decisões do interesse do atletismo brasileiro. "É um privilégio estar na segunda gestão como representante dos medalhistas olímpicos. Fui indicada para o primeiro mandato pelo Arnaldo de Oliveira, bronze em Atlanta-1996, e para o segundo por Joaquim Cruz, dono de duas medalhas olímpicas", lembrou Rosemar. "Faço meu papel e exerço meu voto com consciência e me preparei para isso. Fiz o curso de gestão do esporte do Comitê Olímpico do Brasil."

Rosemar também é gestora no SESI, de Registro, na Vale do Ribeira (SP). “Sou coordenadora e posso ajudar o esporte de uma maneira geral. Cuido do esporte, saúde, qualidade de vida. Amo o esporte e acredito no poder dele para mudar vidas”, disse a professora de Educação Física, com pós-graduação em Treinamento Esportivo, mãe de Valentina, que completa 8 anos no dia 23 de abril, a quem ensina lutar pelos direitos das mulheres.

Thaíssa Barbosa Presti, que ganhou a medalha do 4x100 m com Rosemar, é diretora Técnica da Federação Paulista de Atletismo, outra atleta olímpica e mãe que atua na gestão do esporte.

Também o Comitê Feminino da CBAt, coordenado pela atleta olímpica e campeã pan-americana Elisângela Adriano (gestora do IEMA - Instituto Elisângela Maria Adriano - e presidente da ADAB, também um papel de gestão), milita na formação de lideranças de gênero, defende e atua para a capacitação das mulheres. Também na Comissão de Atletas há o estímulo pela presença de mulheres - são cinco em nove membros, tendo Jaqueline Beatriz Weber como vice-presidente.

Outra gestora de sucesso é a potiguar Maria Magnólia Figueiredo, presidente da Federação Norte-Rio-Grandense de Atletismo (FNA). Recordista brasileira dos 400 m, com 50.62, ao ar livre, e dos 200 m indoor, com 24.71, nascida a 11 de novembro de 1963, ela fez o curso de arbitragem em Natal aos 15 anos. “Sempre quis ajudar a Federação, quis casar e ser mãe cedo. Vivi a Federação mesmo sem cargo. Participei de grupos da questão da mulher no atletismo na América do Sul e nunca deixei a minha cidade mesmo defendendo clubes de outros Estados.” Magnólia, atleta olímpica em Seul-1988, Barcelona-1992, Atlanta-1996 e Atenas-2004, está em seu terceiro mandato - o primeiro foi tampão. Tem uma filha de 41 anos e uma neta de 3, que moram em Abu Dhabi, nos Emirados Árabes Unidos.

Ethel de Menezes preside a Federação Sergipana de Atletismo e teve participação decisiva na recente assinatura do acordo de cooperação entre a CBAt e a Universidade Federal de Sergipe (UFS), e no apoio a decisão do Governo do Estado de levar a sede do Campeonato Brasileiro Sub-18 para Aracaju, em agosto de 2023. A Secretaria de Estado do Esporte e Lazer de Sergipe também é comandada por uma mulher: Mariana Dantas.

Lilian de Souza Carvalho preside a Federação Desportiva de Atletismo do Estado do Amazonas (FEDAEAM). Assumiu o mandato neste mês de março em substituição a Marleide de Farias Leite Borges que deixou a federação com um legado de R$ 300 mil em equipamentos, fruto de Emenda Parlamentar, entregues em kits contendo implementos novos, bem como camisetas, sapatilhas e tênis, para polos do atletismo que atuam na formação e desenvolvimento de atletas no Estado do Amazonas. 

Mulheres no comando nacional - No Ministério do Esporte, Marta Sobral, 58 anos, dona de duas medalhas olímpicas com o basquete (prata em Atlanta-1996 e bronze em Sydney-2000) e campeã dos Jogos Pan-Americanos de Havana-1991, é secretária de Esporte de Alto Desempenho. Marta esteve na Copa Brasil de Marcha Atlética, realizada domingo (5/3), no Eixão Sul, em Brasília, e falou sobre a presença das mulheres na gestão do esporte. A ministra do Esporte é a ex-jogadora de vôlei Ana Moser, 54 anos, a primeira mulher e atleta olímpica a assumir o comando da pasta.

“Fazer parte da gestão do Esporte do Brasil, junto com a nossa ministra Ana Moser - todo mundo sabe a história dela no vôlei e no Instituto Esporte Educação, há mais de 20 anos -, é uma honra”, lembrou. “Estamos aqui para cuidar do esporte brasileiro e levar para os lugares onde ele ainda não chega. Quero dar parabéns a todas as mulheres gestoras. A luta é grande e não é fácil chegar, mas somos capazes e vamos conseguir cumprir nossa função.”

O Dia Internacional da Mulher é uma data que foi oficializada pela Organização das Nações Unidas (ONU) na década de 1970. Ela simboliza a luta histórica das mulheres para terem suas condições equiparadas às dos homens. Inicialmente, essa data remetia à reivindicação por igualdade salarial, mas, atualmente, simboliza a luta das mulheres não apenas contra a desigualdade salarial, mas também contra o machismo e a violência.

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